O médico da dor deve ser um dos aliados no tratamento contra o câncer, em busca da cura e da melhor qualidade de vida. Já foi comprovado por diversos estudos, que o adequado controle da dor melhora as chances de cura e aumenta a sobrevida dos pacientes.

Apesar disso, apenas 5% dos pacientes com câncer eram tratados por um especialista em dor. Esse número pequeno acontece por vários motivos. Pela falta de encaminhamento do oncologista, pelo receio e/ou negação do paciente, entre outros.

A dor oncológica está relacionada a diversos fatores decorrentes da doença em si e dos efeitos colaterais que o tratamento ocasiona (quimioterapia, radioterapia, cirurgia).

Apesar de todo esse universo de dores no paciente com câncer, temos diversas ferramentas para o tratamento. A própria cirurgia, ao remover o tumor, já pode resolver boa parte do problema, o que também pode ser alcançado junto da radio e/ou da quimioterapia.

Mas agindo na dor propriamente dita, geralmente iniciamos o tratamento através de medicamentos analgésicos baseando-nos na escada analgésica proposta pela OMS. Ela inclui desde analgésicos simples, passando por anti-inflamatórios, até antidepressivos, anticonvulsivantes e opioides, entre os quais está a morfina (que pode ser usada tanto por via oral, quanto intravenosa e até mesmo por adesivos aplicados na pele), metadona e o fentanil, que também pode ser usado na versão de adesivo.

Para aqueles pacientes que não melhoram, ou que apresentam efeitos colaterais indesejáveis e incontroláveis, ou mesmo a depender da intensidade e tipo da dor, podemos lançar mão do tratamento intervencionista da dor.

Para cada tipo e local do câncer existem técnicas de bloqueios anestésicos e radiofrequência de determinados nervos e estruturas do sistema nervoso específicos. Existem também o implante de um dispositivo que fica debaixo da pele do paciente e libera doses mínimas e controladas de morfina, que pode ainda ser combinada com outras medicações.

É sempre importante lembrar que o tratamento adequado da dor passa pelo acompanhamento multidisciplinar: médicos oncologistas, cirurgiões, clínicos, especialistas em dor, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, religiosos.

Não “guarde” sua dor! Fale com seu médico!